Viaduto da Via Expressa passa por intervenções urbanísticas e sociais na Grande Florianópolis

O cenário é outro no limite entre São José e Florianópolis, sob o viaduto da Via Expressa, km 4 da BR-282. Até pouco tempo, diversas pessoas em situação de rua “comandavam” o local. A região era palco de crimes, violência e ali se aglomeravam dependentes químicos que colocavam em risco a própria vida e tumultuavam o trânsito da região.

Trabalhos de curto prazo levarão cerca de duas semanas, mas outras medidas serão tomadas depois – Foto: Leo Munhoz/ND

Depois que o MPSC (Ministério Público de Santa Catarina) cobrou mudanças e os municípios se uniram, com apoio das forças de segurança, a presença constante de policiais e agentes das guardas municipais causaram enorme transformação no local.

Nesta segunda-feira (1º), o DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) iniciou um pacote de obras e melhorias urbanas no local. A largada foi justamente na parte inferior do viaduto, junto à avenida Josué di Bernardi, que recebe serviços de manutenção, limpeza e proteção para preservação da integridade da estrutura. Também nesta segunda, equipes de assistentes sociais abordaram pessoas em situação de rua na área.

A primeira etapa da obra é a retirada das sacas de areia do lado leste do viaduto, com limpeza do terreno e recolhimento de lixo do local. O trabalho começou pela manhã e até as 17h o mesmo caminhão fez dez viagens removendo entulhos do local. Tudo com a supervisão da Guarda Municipal de São José, PMSC (Polícia Militar de Santa Catarina) e PRF (Polícia Rodoviária Federal).

Após a remoção das sacas de areia, o espaço será preenchido com camadas de rocha, como no lado oeste sob o viaduto, e os acessos à estrutura serão vedados, evitando que pessoas em situação de rua se acomodem no local. O serviço é realizado em parceria com equipes de abordagem social, a fim de encaminhar eventuais ocupantes da área para atendimento especializado.

Mudanças no trânsito do Viaduto da Via Expressa

A obra será realizada em aproximadamente duas semanas e, durante os serviços, de dia, um dos retornos sob o viaduto, está com o tráfego bloqueado. O local está sinalizado com cones, placas e demais dispositivos de sinalização para orientar os motoristas.

Delegado da PRF em São José, Leandro Andrade ressalta que, nos últimos anos, os ocupantes da área geram desordem e degradam o espaço. “A Polícia Militar tem registros de práticas criminosas, como objetos furtados em outras localidades trazidos para a região, como uma espécie de entreposto, para depois serem vendidos e capitalizados por pessoas dispostas a adquirir drogas”, explica Andrade. “A PRF é mais um órgão na força-tarefa que trabalha para encerrar o caos nesse ponto, afinal, ali está uma rodovia federal”, completa.

Morador da região, o vendedor de picolé Jair Carneiro de Souza, 67 anos, disse que a transformação que começou é importante para todos. “Andam armados aqui, a prefeitura limpa, no dia seguinte, tudo sujo. O que estão fazendo é muito bom. Me sinto mais seguro ultimamente. Graças a Deus nunca me assaltaram aqui, mas também não andava à noite”, declarou ele. “Muitos colegas meus já falaram de assaltos aqui. Quanto mais cuidarem, melhor, mas a polícia precisa ficar direto, senão vai adiantar pouco”, completou.

Vendedor de picolé Jair Carneiro de Souza tem se sentido mais seguro de transitar pelo local – Foto: Leo Munhoz/ND

Novo encontro em 30 de abril

A situação do limite entre São José e Florianópolis no viaduto da Via Expressa, km 4 da BR-282, foi alvo de mais uma reunião, nesta segunda-feira. Desta vez, o promotor de Justiça Daniel Paladino se reuniu com os comandantes da PMSC na região.

Conforme o coronel Cleber Pires, comandante do 11º comando regional de polícia militar, o intuito era trazer um retorno das ações realizadas até o momento. “A atuação da PM foi importante nesse processo de uma presença fixa no viaduto para trazer a sensação de segurança e permitir que os outros órgãos atuem”, afirma Pires.

Um novo encontro foi marcado para dia 30 deste mês, com todos os órgãos da força-tarefa, para uma avaliação mais aprofundada e definição dos próximos passos. “A nossa presença ali minimizou os problemas, mas algumas questões ainda precisam ser aprofundadas, como uma solução para pessoas em situação de rua. Precisamos avaliar para onde vão migrar”, declara Pires.

Para o coronel, o efeito imediato era esperado, mas o desafio é a continuidade do trabalho e a criação de uma sistemática efetiva e permanente, com todos os órgãos, nas suas respectivas atribuições.

Para o promotor Paladino, a transformação efetiva do local será trabalhosa, mas ele é otimista. Ele ressalta que o DNIT começou as intervenções arquitetônicas de curto prazo e depois virão as de médio prazo. A limpeza urbana conseguiu recolher grande quantidade de lixo do local, enchendo mais de quatro caminhões.

“Decidimos que essas ações serão permanentes por parte dos órgãos envolvidos. Na reunião do dia 30, vamos formalmente constituir o grupo de trabalho. Estamos pensando em diversas ações simultâneas, do ponto de vista da segurança pública, ordem sanitária e assistência social”, declara o promotor.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.