Potencial, tecnologia e inovação: tudo o que aconteceu no Seminário São José 2050

O futuro de São José é agora. Essa foi uma das teses mais repetidas no Seminário São José 2050, realizado pela NDTV nesta segunda-feira (18) na sede da Aemflo (Associação Empresarial da Região Metropolitana de Florianópolis) e CDL (Câmara dos Dirigentes Lojistas) de São José.

Seminário São José 2050 foi realizado pela NDTV nesta segunda-feira (18) – Foto: LEO MUNHOZ/ND

Após palestra de Luiz Candreva, especialistas em mobilidade, inovação e representantes do meio empresarial e poder público de São José debateram o cenário atual e as perspectivas para a cidade em 2050, quando a cidade completará 300 anos.

Marcelo Petrelli, presidente do Grupo ND, palestrou no evento – Foto: LEO MUNHOZ/ND

Pensando na efeméride, o seminário aproveitou o aniversário de 274 anos, celebrado hoje e, na véspera provocou reflexões sobre qual cidade está em construção no momento, pensando nas próximas gerações.

Presidente do Grupo ND, Marcello Corrêa Petrelli disse que, há alguns anos, visitou a Aemflo e ressaltou que São José precisava se unir e cronstruir seu protagonismo.

Para Petrelli, embora seja uma cidade importante em termos de arrecadação e na sua estrutura, por ser próxima de Florianópolis, não tinha o próprio protagonismo.

“Esperamos poder levar as ideias aqui apresentadas para toda a sociedade, e dar passos importantes para que, em 2050, seja a cidade que aqui estamos planejando, discutindo e executando. Não se alcança nada de bom se for planejado com antecedência”, frisou Petrelli.

Falando na abertura do evento, o prefeito de São José, Orvino Coelho de Ávila (PSD), afimou que 2050 já chegou na cidade.

“É olhando para frente que tomamos decisões hoje. Por isso, estamos fazendo a maior transformação de mobilidade da cidade. Como líderes, nosso compromisso é fazer com que em 2050 nossos netos vivam uma cidade mais organizada e confortável”, declarou.

Orvino também trouxe dados relevantes do município. Em 2023, por exemplo, 10.000 novas empresas foram abertas. “É o resultado da nossa política de acabar com a burocracia. Em poucos minutos, é possível abrir uma empresa”. Também ano passado, 3.000 vagas de emprego foram criadas na cidade.

“Isso quer dizer que todos os dias oito pessoas levaram para casa uma carteira assinada, dando segurança financeira e conforto às suas famílias”.

O que disseram no seminário São José 2050

“Pensamentos distorcidos não fazem São José avançar”

Presidente da Aemflo e CDL São José, o empresário Gilberto João Rech destacou, na abertura do evento, os bons números de São José. “Na última sexta-feira (15), tivemos o resultado do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) e tivemos o saldo líquido positivo de 691 empregos formais”. No seminário, ressaltou que inovação está no DNA da entidade.

Presidente da Aemflo e CDL São José, empresário Gilberto João Rech – Foto: LEO MUNHOZ/ND

“A pandemia nos ensinou, nos deu a oportunidade de um aprendizado muito grande. Em 2023, inclusive, lançamos o prêmio Aemflo de inovação para dar condição ao nosso empresário de mostrar onde inovou”, disse Rech. A premiação, segundo ele, reconhece não apenas as empresas ligadas à tecnologia, mas todos os negócios que inovam pensando nos colaboradores ou nos clientes.

Sobre tecnologia, destacou a importância da união de esforços. “O que está acontecendo com São José hoje é baseado no que queremos para 2050: não parar e seguir em frente. Nós brigamos para que isso acontecesse. Somente dando as mãos para conseguir o objetivo. Se cada um tiver pensamento distorcido, não vamos alcançar e a Aemflo trabalha por esse processo”, afirmou Rech.

“Os sistemas de São José não se comunicavam”

Vice-prefeito de São José Michel Schlemper (MDB) abordou como o setor público vem trabalhando com a iniciativa privada para fortalecer o município. “À frente da cidade, temos em mente sempre colocar planos e projetos que nos dispomos a fazer, mas a cidade é um organismo vivo, com suas dificuldades e problemas e precisamos conciliar o dia a dia com as ideias”, afirmou Schlemper.

Vice-prefeito de São José Michel Schlemper (MDB) – Foto: LEO MUNHOZ/ND

Ressaltou que o Executivo protocolou, na Câmara, o novo plano diretor. “Estamos discutindo São José de 2050 e não faria sentido se a cidade não tivesse com a nova proposta pronta e protocolada. É um instrumento importante e a Aemflo tem participação direta na construção do projeto, assim como o Sinduscon”, declarou.

Sobre tecnologia, Schlemper mencionou a redução e integração dos sistemas utilizados. “Pegamos o município com 29 sistemas, nenhum se comunicava com o outro. Numa prefeitura do tamanho de São José, mudar isso sem parar a cidade foi um desafio imenso. Hoje, estamos com dois, três sistemas, trabalhando no princípio da governança, integrando as informações e com dados online.”

Disse ainda sobre a melhoria na velocidade para abertura de novas empresas em São José. “Éramos cobrados que as empresas estavam indo para Palhoça e Biguaçu. O trabalho foi desnormatizar. Tivemos ajuda dos empresários e, por isso, São José está entre as cidades mais rápidas do Brasil para se abrir uma empresa hoje”.

Ex-prefeito de Curitiba: ‘Centro Histórico precisa ser revitalizado’

Ex-prefeito de Curitiba, Cássio Taniguchi falou bastante sobre a importância do transporte metropolitano ligando São José, Biguaçu, Florianópolis e Palhoça. Ele citou uma grande dificuldade dos moradores dos diferentes municípios da região quando precisam ir de uma cidade para outra utilizando transporte público.

Ex-prefeito de Curitiba Cássio Taniguchi – Foto: LEO MUNHOZ/ND

“Não tem sentido uma pessoa que está em Palhoça e quer ir para Biguaçu precisar vir para Florianópolis, fazer integração no terminal central, pagar nova tarifa e ir para Palhoça. É uma coisa absurda”, disse.

Taniguchi também falou sobre a importância de preservação da memória das cidades. No caso de São José, destacou a beleza do centro histórico, onde fica o Theatro Adolpho Mello, um dos mais antigos do Brasil.

“É uma área linda e que precisa ser revitalizada. Existem mecanismos institucionais, como cobrança de outorga, mas de uma maneira um pouco diferenciada. A área central tem, necessariamente, um coeficiente diferenciado de construção, então, o empreendedor que quiser construir prédios mais altos paga e o recurso é utilizado para revitalização”, afirmou Taniguchi.

O objetivo, segundo ele, é manter as características dos prédios antigos por meio de restaurações.

“Esse tipo de incentivo pode ser renovado a cada 10, 15 anos. Em Curitiba, todas as casas antigas estão revitalizadas”, ressaltou Taniguchi.

Fiesc vê mobilidade como desafio de São José

Secretário de Planejamento e Assuntos Estratégicos de São José, Pedro Paulo Duarte da Silva mostrou um estudo da Fiesc (Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina), elecando as regiões com problemas de mobilidade. Para algumas regiões existe 100% de certeza de que haverá atraso na viagem, entre elas, Florianópolis, São José e Palhoça”.

Secretário de Planejamento e Assuntos Estratégicos de São José, Pedro Paulo Duarte da Silva – Foto: LEO MUNHOZ/ND

O secretário destacou diversas obras de mobilidade de São José, algumas entregues, outras em projeto. Entre elas a rótula de Potecas, Forquilhas e Forquilhinhas, segundo ele, uma pequena ação com grande resultado. Citou, também, o Contorno Viário Municipal, unindo os loteamentos Lisboa, Recanto da Natureza e Vista Alegre. “Eles não se conectavam e numa ação de 450 metros conseguimos eliminar um contorno de 6 km”.

O secretário também lamentou a dificuldade do poder público, pelo exceço de entraves, para conseguir planejar, iniciar e entregar melhorias com obras nas cidades. “Começamos a projetar o contorno em 2021, nunca parou e conseguimos entregar recentemente. São 450 metros e uma ponte que vão modificar a região, trazer notoriedade para as pessoas, gerar renda, movimentar e fomentar o comércio local.” Para o secretário, fazendo o simples em termos de obra, foi possível fazer muito pela cidade. “Foi falado aqui que gênio é quem faz o óbvio. Foi o que fizemos, o óbvio do óbvio. Mas tivemos coragem. Sou de São José, sou bairrista e vejo que houve coragem”.

Seminário São José 2050 vê tecnologia como potencial

‘Estamos com uma administração em evolução’, diz professor da UFSC

No segundo momento do seminário, voltado para abordar inovação e tecnologia, o curador do projeto São José 2050 e professor sênior da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), Neri dos Santos, explica que o futuro de São José é ser uma cidade CHIS (Cidades mais Humanas, Inteligentes e Sustentáveis). “Nesta perspectiva, temos algum caminho para chegar lá”, frisa.

Professor sênior da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), Neri dos Santos – Foto: LEO MUNHOZ/ND

A sua fala permeia em pensar em São José como uma cidade que foca na sustentabilidade e que tem sobretudo uma dimensão econômica, social e de governança.

“Estamos em uma evolução da administração pública, naquilo que se chama governança pública. Ela é baseada em parcerias com a iniciativa privada, com a sociedade civil organizada, além de evidentemente a academia. É preciso trabalhar de forma integrada”, frisa.

Ainda completa ao dizer que São José vai ser uma cidade cada vez mais próxima do futuro quando a sua sociedade civil estiver melhor organizada e estruturada. “São eles que fazem a diferença”, complementa.

O professor termina a apresentação ao concluir que o futuro se constrói agora. “A gente faz acontecer na medida que a gente toma medida hoje que terá repercussão amanhã. É evidente que a gente tem que ter um futuro desejável da popolução. São José já é uma cidade autonoma, que se desenvolve independentemente de Florianópolis, sendo o grande centro logístico da Grande Florianópolis”, explana.

“Futuro é logo ali”, diz arquiteto

O arquiteto e urbanista Ângelo Arruda apresentou vários cenários prospectivos para São José, destacando dados relevantes sobre sua evolução futura. Durante sua apresentação ainda revelou que foi convidado para assumir a assessoria técnica da SUSP (Secretaria de Urbanismo e Serviços Públicos) de São José, encarregado de organizar o trabalho do planejamento urbano no município

O arquiteto e urbanista Ângelo Arruda apresentou vários cenários prospectivos para São José – Foto: LEO MUNHOZ/ND

Ele ressalta que o “futuro está logo ali”, apontando números reveladores sobre a cidade. Em 2022, São José contava com uma população de 270.299 habitantes, distribuídos em uma área total de 150,50 km², sendo 62,81 km² (55%) urbanos e 45,49 km² (39%) rurais. A densidade populacional urbana é de 43 hab./ha, enquanto o ideal seria de 120 hab./ha. Além disso, destaca a diversidade econômica do município, abrangendo setores como comércio, indústria, logística e transporte, entre outros.

Neste processo de urbanização, Arruda chegou a conclusão com base no trabalho da GranFpolis, portanto, que o município terá em torno de 370 mil habitantes até 2050.

“São José do futuro é uma cidade que crescerá para dentro das suas linhas de divisa, que será o centro geoconômico da região metropolitana, mas que precisa produzir moradias para todos os que chegam, precisa preservar seu meio ambiente e suas tradições e que deve garantir a mobilidade interbairros”.

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