Denunciado pela PGR, Silvinei Vasques é mantido como secretário de São José

O ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal e atual secretário de Desenvolvimento Econômico e Inovação de São José, Silvinei Vasques, foi indiciado pela Procuradoria-Geral da República por tentativa de golpe de Estado após as eleições em 2022. Conforme o documento, Vasques teria coordenado “o emprego das forças policiais para sustentar a permanência ilegítima de Jair Messias Bolsonaro no poder”.

Silvinei Vasques é ex-diretor da PRF e atua como secretário de Desenvolvimento Econômico e Inovação em São José, na Grande Florianópolis

Silvinei Vasques é ex-diretor da PRF e atua como secretário de Desenvolvimento Econômico e Inovação em São José, na Grande Florianópolis – Foto: Divulgação/Prefeitura de São José/ND

Além do policial, também foram denunciados pela Procuradoria-Geral da República ao Supremo Tribunal Federal, o ex-presidente, Jair Bolsonaro (PL), o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, e outras 31 pessoas acusadas de envolvimento com o plano Punhal Verde Amarelo.

Segundo investigação da Polícia Federal, o documento previa ações como envenenamento e explosões para neutralizar autoridades como Lula, Alckmin e Alexande de Moraes. Segundo a PGR, os denunciados atuaram para estimular e realizar atos contra os Três Poderes e contra o Estado Democrático de Direito.

Silvinei Vasques é ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal

Silvinei Vasques é ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal – Foto: Valter Campanato/Agência Brasil/ND

Vasques mantém cargo em prefeitura da Grande Florianópolis

Apesar de denunciado pela PGR por uma tentativa de golpe de Estado, o atual secretário de Desenvolvimento Econômico e Inovação será mantido no cargo que ocupa em São José.

Em resposta ao ND Mais, a assessoria de imprensa informou que a investigação “nada envolve a prefeitura, nem o trabalho do Vasques”. O ex-diretor da PRF foi anunciado no cargo ainda em 2024, pelo prefeito reeleito de São José, Orvino de Ávila.

A reportagem entrou em contato com a defesa de Vasques, representada pelo advogado Eduardo Simão, que se reserva à manifestação apenas nos autos do processo.

Silvinei Vasques, atualmente filiado ao PSD, dirigiu a Polícia Rodoviária Federal durante o governo do ex-presidente, Jair Bolsonaro (PL). Ele foi preso em agosto de 2023, a pedido da Polícia Federal, por suspeita de interferência nas eleições de 2022.

Silvinei Vasques foi nomeado secretário de Desenvolvimento Econômico e Inovação de São José ainda em 2024 – Foto: PMSJ

Entenda denúncia contra Silvinei Vasques

Conforme descrito pela PGR, em documento que a reportagem do ND Mais teve acesso, os denunciados se utilizaram de estruturas públicas, especialmente da Polícia Rodoviária Federal, para obstruir o funcionamento do sistema eleitoral em outubro de 2022.

A atitude buscava dificultar a participação de eleitores que se presumiam contrários ao presidente Jair Bolsonaro, candidato a reeleição naquele ano. À época, Silvinei Vasques era o diretor-geral da PRF e teria atuado na elaboração de um plano de trabalho para dificultar, mediante uso de força policial, “acesso às zonas eleitorais de eleitores considerados perigosos para um resultado favorável ao Presidente disputante da reeleição”.

A denúncia da PGR destaca, ainda, que Silvinei Vasques e Anderson Torres (ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, também denunciado pela PGR) teriam se reunido com demais lideranças da PF e PRF organizar um “policiamento direcionado”, durante o segundo turno das eleições. Em depoimento, policiais relataram que o ex-direto-geral disse que “era hora de escolherem um lado”.

Caso o STF aceite a denúncia da PGR, os 34 denunciados responderão por tentativa de abolição violenta do estado democrático de direito; golpe de Estado; organização criminosa armada; dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União, e com considerável prejuízo para a vítima; e deterioração de patrimônio tombado.

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