A vacina contra Covid-19 em Santa Catarina começou a ter sua história contada no dia 18 de janeiro de 2021, mais precisamente às 17h35, quando o enfermeiro Júlio César Vasconcellos de Azevedo, de 58 anos, recebeu a primeira dose em São José, na Grande Florianópolis.
O profissional tornou-se a primeira pessoa em solo catarinense a ser imunizada e causou comoção entre colegas e a imprensa que acompanhava o momento.

Enfermeiro foi o primeiro vacinado contra a Covid-19 em Santa Catarina – Foto: Divulgação/Prefeitura de São José/ND
Enfermeiro há 33 anos, dos quais 31 atua no Hospital Governador Celso Ramos, Azevedo relata a emoção de receber a primeira dose da vacina em um período em que muitos colegas perdiam suas vidas para a doença.
“Quando recebi o convite para ser o primeiro vacinado, estava em casa e meu coração bateu mais rápido. Fiquei trêmulo, mas logo veio uma felicidade, pois faria parte da história do combate à Covid-19”, conta emocionado.
Atuando na UTI (Unidade de Terapia Intensiva), o enfermeiro testemunhou inúmeras vidas se perdendo, mas destaca com emoção aquelas que foram salvas graças aos profissionais de saúde.
“Me marcava muito os pacientes que chegavam com falta de ar e apenas falavam: ‘me ajude a voltar a respirar’”, relembra.
O enfermeiro faz parte de um grupo de catarinenses que se vacinaram contra a doença, mas que ainda está longe do patamar estipulado pelo Ministério da Saúde como uma imunização necessária.

Enfermeiro atua há 31 anos no mesmo hospital em Florianópolis – Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal/ND
Vacina contra Covid-19 em Santa Catarina
Apenas para ilustrar, 77,32% da população de Florianópolis recebeu duas doses da vacina contra a Covid-19. Desse contingente, apenas 38,44% retornaram para receber a terceira dose e 8,93% para receber a quarta.
Quanto à vacinação infantil, Santa Catarina imunizou apenas 46,26% das pessoas entre 3 e 17 anos com duas doses da vacina, e somente 9,08% com três doses. Ao considerar apenas crianças de 3 a 4 anos, o número diminui significativamente, com apenas 9,13% de cobertura vacinal com duas doses em Santa Catarina.
Para as crianças de 5 a 11 anos, o número aumenta, mas ainda está aquém do esperado. Segundo os dados do Ministério da Saúde, apenas 35,40% desse público recebeu duas doses do imunizante, sendo que apenas 3,3% receberam três doses.
Alerta na vacinação
O infectologista Gonzalo Vecina Neto ressaltou a preocupante baixa cobertura de vacinação em crianças na atualidade. Ele alertou para a elevada taxa de mortalidade entre crianças com menos de 5 anos devido à insuficiente cobertura vacinal.
Apesar das atuais variantes apresentarem uma maior capacidade de disseminação com uma taxa de mortalidade reduzida, grupos vulneráveis, como idosos, crianças pequenas, gestantes e indivíduos com comorbidades, ainda correm riscos significativos de desenvolver formas graves da doença.
Vecina explicou que esses grupos mais susceptíveis beneficiam-se significativamente da vacina, pois, ao contrair a doença, enfrentam um maior risco de hospitalização e morte.
A infectologista Rosana Richtmann, do Instituto Emílio Ribas, indicou que a tendência futura pode ser a implementação de vacinação anual, especialmente para grupos de maior risco, utilizando vacinas eficazes contra as novas variantes do vírus.
Ela enfatizou que o vírus está em constante mutação, escapando da imunidade adquirida, e destacou a importância da atualização constante das doses.
Richtmann mencionou que nos Estados Unidos já está disponível uma vacina monovalente mais recente, combatendo a variante XBB da doença, defendendo a importância de o Brasil adquirir essa vacina em substituição à bivalente atualmente em uso.
O Ministério da Saúde informou que a Campanha Nacional de Vacinação contra a COVID-19 iniciou em janeiro de 2021, com cinco vacinas autorizadas pela Anvisa em uso no Brasil. O esquema primário de duas doses no Brasil tem cobertura de 83,86%.
O Ministério ressaltou para a Agência Brasil que a adaptação contínua do esquema de vacinação conforme novas aprovações regulatórias e a disponibilidade de imunizantes no país por meio do PNI (Programa Nacional de Imunizações), seguindo as recomendações e atualizando os esquemas de vacinação.